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GENDERLESS REVOLUTION!

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Não é de hoje que moda quebra barreiras de gênero, apesar de ser um mundo cruel e sem consideração pela diversidade, a moda também tramita entre a política e aceitação do corpo e da sexualidade humana há anos a fios. Um ótimo exemplo é o resgate de Coco Chanel nos – dourados- anos 20 da calça pantalona e da camiseta bretão do guarda roupa masculino, transformando em peças desejos entre as moças mais recatadas da sociedade parisiense.

A moda acompanha as políticas sociais desde que “o fashion é fashion”, a transição dos vestidos longos e rebuscados para peças praticas e de custo mais baixo durante a primeira e segunda guerra, a chegada dos terninhos femininos acompanhando a mulher moderna que passa a trabalhar e já não quer ser vista como frágil rendada em um mundo cão masculino, tudo isso é moda, tudo é política, tudo isso é historia.

Não nos espanta que grandes marcas como Gucci e Prada ( só para citar algumas) tenha farejado essa tendência e colocado modelos femininas nas passarelas de moda masculina, a fluidez do gênero e essa urgência de quebrar conceitos sociais do que é feminino e masculino é um chamariz de cifrões nas grandes rodas de croqui. A cultura pop dominou o que as grandes grifes tiveram dificuldade, Kanye West, rapper americano casado com Kim Kardashian, trouxe o genderless de Yeezzy para o patamar desejo e desfilou sua linha em uma das mais concorridas Fashion Week, ao lado de Ana Wintour (Diane Vreelend revira seus olhos de papisa) e foi aclamado pelo publico. Mesmo a Moshino tão pop e irreverente de Jeremy scooty não conseguiu alcançar o patamar de desejo que as “brusinhas” de cores pasteis “irritados” em modelos pós apocalípticos do rapper.

As fast fashion não quiseram ficar para trás – of course! – e só a idéia de termos peças desejos para um publico alvo tão diversificado e ainda com pouco poder aquisitivo - em relação aos compradores de gucci, por exemplo- já acende uma chama deliciosamente ingrata no coração dos fashionistas da augusta. Zara veio primeiro, com uma coleção que tinha tudo para ser incrível, mas esbarrou na mesmice e afundou com peças sem graça e sem a menor criatividade.

Ainda não é isso que precisamos.

Trazendo para terra brasilis, C&A e sua coleção recheada de peças interessantes, coloridas e com um preço tão amigo que fazia os olhos de qualquer fashionista pobre brilhar. Bem, no site. Pecaram ao não entender que o manequim de quem procura e anseia por essa liberdade fashion vai além do 38, pecaram ao não levar em conta a diversidade do corpo brasileiro. Arrasô na propaganda e errou rude na confecção.

Conversando com a estilista Jessica Camargo, notamos detalhes que quem está de fora não consegue enxergar: “A moda genderless não precisa ser cara, a idéia da liberdade vão além do gênero sexual, envolve o corporal e o aquisitivo, o problema é que as marcas ainda não perceberam que não é necessário escolher um de cada.”

Num mundo ideal, teríamos um tecido de bom caimento, com um corte impecável e com cores além do fantasia nas araras. O tamanho do manequim não é o que rege a moda, e sim o tamanho do comprador e seus gostos. “A moda sexualmente fluida dos anos de 2015 a 2016 pode ser considerada uma catapulta. As pessoas querem se ver representadas, não querem se enquadrar nos moldes de alguém que está em Paris desenhando croquis abstratos e tomando um cappuccino de 16 euros”, finaliza Jessica.

Aqui no Brasil a moda já respira novos ares, o slow fashion tem sido cada vez mais procurado e com isso nomes como a Också e a New Other entram em cena. Com design neutro e descolado, a Ocksa nasceu em Porto Alegre pelas mãos dos estilistas Igor bastos e Deise Witz em 2003 e já faturaram o premio Rio Moda Hype. Ao ser perguntado sobre o genderless Igor conta suas motivações na hora de criar: “A Också naturalmente se encaminhou pra esta estética porque eu e a Deise gostamos de vestir muitas roupas parecidas, e é um assunto tão comentado que virou tendência.” As peças são vendidas em Porto Alegre e em São Paulo, e a marca já planeja um e-commerce!

Com uma pegada urbana, a New Other investe em peças soltas que mantem o caimento em ambos os gêneros, seus modelos são pessoas reais amigos e familiares dos estilistas), o que só demostra sua preocupação com o corpo real. Quem comanda as criações são Giuliano Mazeti e Leonam Dantas, que também são donos da label Dhuo.

A verdade é que a indústria da moda é aquela garota cruel que todo mundo ama por que é bonita, que todo mundo quer estar perto por que é popular, mas seus seguidores estão começando a se dar conta de que ela não é nada sem eles, e estão indo a luta.

Quando a Lois Vuitton coloca Jaden Smith usando roupas femininas em seu editorial, ela não o faz por sua diretriz se interessar em colocar um garoto preto de dreads e saia em sua mais importante peça publicitária, ela o faz por que precisa que garotos pretos passem a deseja-la, é quase como um encanto a muito perdido tentando se reerguer. E Jaden está lá como Jaden, esse é ele indo em seus festivais e acampamentos, é isso que traz uma criatividade tão natural e espontânea ao editorial, e é isso que faz dele um dos mais importantes dos últimos anos. Mas como disse, não se engane com o quesito representatividade, a indústria sente o cheiro de longe dos cifrões, e sabem exatamente como investir. Vista-se de arte, mas não esqueça sua historia e nem se deixe ser o produto, a “moldabilidade” da moda é um segredo há pouco de descoberto, aprenda a usá-lo.

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