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ELAS SE TOCAM E GOSTAM MUITO


Tabus são feitos para serem quebrados e nós optamos em tocar em vários assuntos que são “casquinha de ferida” para muita gente. Há muito tempo a mulher vem ganhando cada vez mais espaço na sociedade e sua voz têm sido cada vez mais imposta. Mas será que esse espaço também esta sendo conquistado quando o assunto é prazer sexual?

Desde novinhas aprendemos que é feio se tocar, que é feio falar sobre qualquer assunto obsceno (Não que desde novinhas, vamos falar sobre sexo e desejos sexuais), mas falar de maneira natural ao longo da adolescência seria muito importante para que houvessem mais mulheres realizadas.

O que vemos são dezenas, se não centenas, de mulheres que não sabem se chegaram ao ápice do prazer por não terem espaço (eu diria que até que coragem) para abordar esse assunto com seu parceiro ou amigas.

Reunimos três amigas que já discutiram uma infinidade de assuntos polêmicos, mas masturbação feminina será a primeira vez. Todas elas com experiências e idades diferentes, uma é heterossexual, outra bissexual e outra homossexual. Uma bela mistura para poder discorrer do assunto em visões diferentes.

Se Toca – Masturbação feminina é um assunto bem polêmico, e não é frequente ser pautado nas rodas de conversa. Na opinião de vocês porque isso acontece?

Anyele – Ah, eu já tive muita vergonha. Muita mesmo, nunca conversei com minha mãe ou amiga sobre, até os meus 25 anos. Para os meninos sempre foi colocado como algo normal, não só no dia a dia, mas também nos filmes que tratam do assunto.

Rafaela – Acho que por vergonha. É aquele velho assunto que mulher deve ser um pouco mais conservadora.

Suyane – Porque diferentemente dos meninos que são incentivados a se tocarem e conhecerem o próprio corpo, nós meninas até por cultura temos vergonha de se tocar. Acredito que mesmo nos tempos atuais ainda existe muitas mulheres que não sabem como se masturbar e conseguir prazer com isso.

Se Toca – Sabemos que essa falta de espaço das mulheres na sociedade é algo histórico, que vem mudando aos longos dos anos. O que antes não era sequer citado, hoje mesmo que minimamente, esta sendo abordado e vem ganhando espaço. Vocês acreditam que com esse empoderamento feminino as mulheres conseguem assumir que vão atrás do prazer próprio, que se masturbam para se satisfazer?

Anyele – Eu não vejo isso com frequência, acredito que nossa geração é mais aberta a falar, mas depende muito da idade, além de ter uma maturidade sexual para tocar no assunto.

Suyane – Mesmo com todos os direitos assumidos pela ala feminina, não acho que seja um assunto comum.

Rafaela – Acredito que sim, não será tão fácil e a internet esta aí. O que mais vejo hoje em dia são matérias abordando esse assunto.

Se Toca – Muitas mulheres passaram pela fase que acharam que se masturbar era algo pecaminoso e por isso chegaram a fase adulta sem ao menos saber como se tocar a ponto de sentir prazer. Vocês em algum momento acharam que estavam cometendo algum pecado?

Anyele – Sim! Minha amiga me ensinou, eu achava estranho no início. Como uma coisa ruim mesmo.

Suyane – Eu nunca ouvi nenhuma das minhas amigas falar abertamente sobre isso, ou assumirem que se masturbam.

Se toca – Vocês já conseguem assumir abertamente que se masturbam?

Anyele – Sim! Hoje em dia falo abertamente, como estou dizendo aqui. Mas há alguns anos atrás eu diria que nunca ouvi falar.

Suyane – Exato. Somente a maturidade faz você assumir isso sem achar que é pecado.

Se toca – Vocês conseguem abordar o assunto masturbação com naturalidade?

Anyele – Eu digo com a maior naturalidade que me masturbo, porém o assunto é bem difícil de ser abordado.

Suyane – Se houver uma abordagem do assunto falo com qualquer pessoa sim. O que é difícil é esse assunto ser abordado, aliás, ele NUNCA é abordado.

Se toca – Vocês se sentem confiantes ao se masturbarem? Pensam que assim conseguem chegar ao prazer facilmente? Pensam que podem ter maneiras diferentes para sentir mais prazer?

Anyele – Confiante é uma palavra muito forte, mas sempre sei o que fazer. Ainda não me decepcionei comigo. Não vejo masturbação da mesma forma que vejo sexo, não acho que precise de técnica, é um momento seu.

Suyane – Olha para eu sentir vontade de me masturbar preciso de um incentivo, algo na TV ou lembrar algo, mas não penso em técnicas não. Quando faço chego ao prazer facilmente.

Rafaela – Eu consigo sempre. Devem sim dezenas de técnicas, mas cada um sabe qual é o ponto melhor e o que é melhor pra si.

Se Toca – São diversas técnicas e maneiras para se chegar ao prazer, existe até um curso onde mulheres ficam em um retiro de três dias para aprimorar a maneira de chegar ao ápice do prazer sozinha. Vocês teriam coragem de participar?

Anyele – Nossa não! Eu não me sentiria à vontade, na verdade não passa pela minha cabeça sentir prazer rodeada de pessoas.

Rafaela – Não teria coragem, até mesmo porque posso fazer isso em casa sem o menor problema. Não me sentiria a vontade em um retiro rodeado de outras mulheres, jamais!

Suyane – Acho que não iria.

Se toca – E quando uma outra pessoa faz em vocês, como se sentem?

Anyele – Outra pessoa não é a mesma coisa. Por exemplo, você está lá sequinha a pessoa mete o dedão sem você esperar, não é nada legal.

Rafaela – Eles acham que é um botão. Até vi na internet esses dias uma interruptor com a legenda “Minha vagina não é liga e desliga”

Suyane – Acho que tudo depende da situação, se você esta transando e rolar no momento. No meu caso aconteceu de meninas me fazerem gozar da mesma forma.

Se toca – As meninas que já tiveram nos dois lados, tendo relação tanto com homens quanto com mulheres, é diferente? As mulheres por saberem no que estão mexendo mandam melhor?

Anyele – É diferente sim, mas não sei colocar como melhor ou pior. Tem homem que sabe fazer e homem que não, o mesmo para mulher.

Suyane – Bom, minhas experiências são melhores com mulheres, acho que não sou parâmetro pela minha condição sexual. (risos)

Se Toca - Com quantos anos vocês começaram a se masturbar?

Anyele – Poatz, devia ter uns 15 anos, não lembro com exatidão. Eu estava na casa de uma amiga de infância e ela me mostrou o que tinha aprendido na escola.

Rafaela – Acho que com uns 15 também. Sozinha, mas eu nem sabia o que estava fazendo.

Suyane – Eu era nova também, com uns 16 anos. Sozinha mesmo, descobri uma fita pornô em casa e coloquei para ver. Comecei a sentir vontade e foi.

Se toca – E em relação ao amadurecimento, vocês acham que a frequência de masturbação diminui?

Anyele – Depende, se você esta naquela seca aumenta, mas quanto mais eu transo menos me masturbo.

Rafaela – Tenho meus picos. Às vezes fico um tempo e em outros faço frequentemente.

Suyane – Se estou sem transar prefiro não fazer, porque fico com necessidade do toque de outra pessoa, então evito mesmo. Se masturbar é bom, mas transar com outra pessoa é muito melhor.

Se toca – Vocês acham que as novas gerações irão conseguir ter uma liberdade maior ao tratar desse assunto e conseguirão abordar com naturalidade?

Suyane – Acho que sim, mas futuro mesmo, tipo netos.

Anyele – Para as próximas gerações será algo mais aberto sim, com mais informações sobre sexualidade, as pessoas estão falando muito mais hoje do que há10 anos atrás.

Rafaela – Acredito que sim, se continuarmos a evoluir em questão de informação, porque se olharmos para trás nem entre amigas era falado.

Suyane – Que bom que esse assunto está encerrando, porque dá uma vontade. (Gargalhadas explodem entre as amigas)

Ou melhor, quem explica é o Dr. Rodrigo Carillo:

"O tema “MASTURBAÇÃO” em abito geral é polêmico por se tratar da intimidade sexual, ainda mais quando falamos de masturbação no sexo feminino por diversos fatores sociológicos e históricos.

A sociedade vem ser mutuando ao logo de décadas, e com as mudanças as mulheres vem ganhando espaço e voz ativa no antro familiar, profissional, político e já podemos comprovar que elas ocupam 40% de cargos de liderança no mercado.

Mas com tantas mudanças sociais conquistadas por elas mesmas, o assunto masturbação ainda é um tabu dentro do próprio mundo feminino e ainda mais na sociedade em geral.

Estamos vivendo uma transformação social onde a autossuficiência já faz parte do nosso dia a dia em vários aspectos, e no aspecto sexual já podemos afirmar que “uma única pessoa” já pode se satisfazer tão intensamente quanto acompanhada (s), e essa realidade no mundo feminino é ainda mais forte, pois foi somente neste século que a mulher foi descaracterizada de somente “mulher reprodutora” para “mulher que também sente prazer e tem a opção de reproduzir”.

Então podemos afirmar que a masturbação feminina é uma realidade e deixará de ser um assunto tabu em um curto espaço de tempo e tudo isso devido á evolução social e emocional que estamos conquistando.

Mas ainda á uma grande lacuna sobre esse assunto dentre as mulheres de acordo com sua realidade social econômica X idade. Uma enquete realizada na Av. Paulista com mulheres entre 40 a 60 anos de várias classes sociais comprovou que o assunto masturbação ainda é tabu principalmente para as mulheres das classes C e D, pela falta de conhecimento sobre o assunto ou até mesmo pela repressão masculina caracterizada por essas classes. Já as mulheres da classe A e B, não só falaram sobre o assunto abertamente como assumiram que fazem com frequência, o que mostra que a informação e o conhecimento sobre o assunto é o que faz a diferença.

Na mesma pesquisa foi abordado também sobre o assunto “orgasmo no casamento”, e foi comprovado que somente 15% das mulheres das classes C e D tiverem orgasmos com seus parceiros, contra 42% das classes A e B.

Mas um motivo que o tema masturbação precisa ser mais divulgado e orientado entre as mulheres, indiferente da posição social, da religião, da opressão social e familiar, pois além de ser algo natural, se faz necessário em alguns casos e é considerado um exercício muscular e relaxante (musculatura pélvica) como qualquer outro, além de ser naturalmente excitante."

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