MEU CASAMENTO GAY
No dia 5 de maio de 2013, o Supremo Tribunal Federal reconheceu o casamento entre pessoas do mesmo sexo no Brasil- A primeira união foi realizada no munícipio de Jacareí, no interior do Estado de São Paulo, em julho do mesmo ano.
Desde então milhares de pessoas já declararam seus votos e oficializaram suas uniões, só no ano de 2013 foram mais de 3.700 casamentos e no de 2014 houve um aumento de 31,2% no total de 4.854 no Brasil. (Dados divulgados pelo IBGE).
Isso mesmo, o casamento homoafetivo foi liberado mas o preconceito ainda anda solto por aí, seja ele para discutir a natureza da homossexualidade, ou para discutir os avanços sobre a adoção e a "nova familía", as discussões sobre este tema são infinitas e a cada dia surge uma nova pauta quando o assunto é “Gays”.
Vamos lá, selecionamos alguns argumentos de quem se opõe ao casamento homoafetivo...
"A Homossexualidade não é normal"
Quantas vezes já não ouviram isto por aí? De que ser homossexual não é normal e que a homossexualidade é uma doença cuja a cura é exclusividade de algumas “igrejas” por aí. As pessoas vêm tentando encontrar a cura para homossexualidade a mais de 150 anos e até hoje nada, sabe por que? Não há nada fora do normal em ser Gay.
“O casamento é um vínculo sagrado entre o Homem e a Mulher”
Este argumento ignora totalmente os casais homossexuais casados legalmente, e também esquece os mais de 50 países onde a poligamia é perfeitamente legal. Além disto omite a história de casais homossexuais que legalmente viviam juntos na antiguidade.
O casamento nunca foi um vínculo sagrado somente entre um homem e uma mulher.
“Gays não deveriam se casar, pois não podem reproduzir”
Esta é clássica, então o casamento passa a ser exclusividade de quem pode reproduzir, o que quer dizer que: Idosos não podem se casar? Mulheres que não podem ter filhos também não?! A capacidade de reprodução não é e nem nunca foi uma exigência legal para o casamento.
Muitos casais heterossexuais optam por não ter filhos, ou simplesmente não podem ter, mas existe a adoção e métodos científicos de inseminação.
“Como vou explicar para meu filho?”
Simples. Há no mundo uma coisa chamada “Diversidade”, e é necessário que seu filho entenda que duas pessoas adultas podem se amar, independentemente de seu gênero. E que basta que saibamos respeitar as vontades alheias, e ensinemos aos nossos filhos que não existe diferenças para amar alguém.
As crianças não serão incentivadas a serem gays por verem um casal gay. Quantas coisas as crianças não vêm por aí todos os dias? Na TV e na vida real, há pessoas matando, cometendo atrocidades e como você sabe que seu filho não irá repetir o que viu? Pela criação que você dá.
“Só é lésbica por que não conheceu um homem de verdade”
Este é o argumento preferido dos machistas de plantão que são convictos que possuem um “Membro” mágico capaz de transformar uma lésbica em heterossexual.
Se partir do pressuposto de que uma mulher só gosta de outra por não ter encontrado um homem certo, ou que” faça direito”. Então podemos também dizer que um homem só é hétero por que não provou outro?
Uma mulher não é lésbica por falta de homem, (pode até ser por excesso deles rsrs) ela é lésbica simplesmente por que homens não lhes agrada, aceitem isto.
Mas será que estes casais são tratados igualmente ao um casal heterossexual? E será que os profissionais estão preparados para lidar com esse tipo de diversidade? O procedimento é o mesmo?
Em conversa com a funcionária Ana Amélia do cartório civil de São Bernardo do Campo sobre haver ou não um procedimento exclusivo para realizar a união civil sendo um casal homossexual, ela nos diz: “O procedimento para o casamento é o mesmo, não havendo qualquer distinção para os casamentos homo afetivos. E quanto ao atendimento, posso garantir que desde o princípio, tratamos todos os casamentos de forma igualitária”.
Embora o casamento civil entre iguais seja uma lei, e estritamente descrito que não se deve haver quaisquer tipos de distinção entre pessoas que procurem estabelecer esta união, procuramos uma escrevente do cartório civil de Mauá que nos relata como funcionou os trabalhos no cartório após a aprovação da lei, “No começo foi um pouco difícil, então colocamos pessoas mais preparadas para o atendimento. Hoje qualquer funcionário desta serventia consegue fazer isto, pois se tornou algo comum em nosso dia a dia.” Explica Daniela Tamaoki.
Então quer dizer que antigamente não era comum ser gay? Mas hoje previsto em lei os direitos igualitários então se tornou comum?!
Peculiar não?
Os gays podem se casar, e acreditem “ de verdade” meus caros, não é união estável, os direitos são iguais ao de um casal “Hetero”. E é sobre este frequente estranhamento que vamos mostrar os relatos de “Um casamento Gay”.
Leny Firmino, 37 anos, oficial administrativo que é casada com Daiane Firmino, 27 anos, atleta profissional de MMA. Moradoras de Mauá (ABC).
Meu casamento Gay- por Leny Firmino
Após um mês de namoro fomos morar juntas, o casamento só aconteceu quatro anos depois. Oficializar a união veio da necessidade de garantir os direitos do casal.
Com relação aos amigos foi super tranquilo, na verdade foi empolgante, várias pessoas se envolveram para realizar a festa, com exceção da minha mãe (que é homofóbica) não houve rejeição dos familiares.
Nos casamos no cartório de São Mateus e toda equipe que tivemos contato foram extremamente profissionais e até carinhosos conosco, não tivemos problema algum em relação ao cartório, na verdade houve preferência por este cartório, devido a algumas questões burocráticas em relação ao de Mauá, no cartório de Mauá não poderíamos escolher a data do casamento, pois o cartório alega que quem casar com “atestado de pobreza” não poderia escolher e se casaria na data que “desse”, e para casar nesta condição era obrigatório apresentar a carteira de trabalho para eles calcularem se tínhamos ou não condições de pagar, mesmo assinando o atestado. Também nos exigiram as certidões de nascimento com atualização de 3 meses, e no cartório de São Mateus foi tudo diferente, as certidões poderiam ter até 6 meses, podemos escolher a data do casamento e assinamos o atesto sem comprovação de renda.
Eu nunca sofri nenhum preconceito por ser casada com uma mulher, mas algumas vezes quando digo que sou casada algumas pessoas dizem: “Ah, é união estável? ” Aí explico que não, e as pessoas perguntam: “Ah, mas já pode? Mas é igual ao de homens e mulheres? ” Enfim ainda há pouco conhecimento e uma certa resistência sobre o tema.
Hoje em dia, eu trabalho com CLT, e nunca tive nenhum problema em relação a benefícios como o convênio médico ou odontológico a Daiane é minha dependente nos benefícios e nunca sofri nenhum tipo de desrespeito em relação a estas questões.
"Como o intuito da lei é o de facilitar ao máximo a obtenção da gratuidade, parece de melhor alvitre que nada mais se imponha além do já estabelecido no art. 1.512 do Código Civil: simples declaração de pobreza, sob as penas da lei, que poderá ser até manuscrita, sem forma especial." Portanto, se o cartório de registro civil que você procurou estiver oferecendo dificuldades para a realização do casamento civil gratuito, procure a Defensoria Pública ou faça uma denúncia na Corregedoria do Tribunal de Justiça.